Um alerta para o sarampo
16 de Abril de 2018
Após dois anos da erradicação o sarampo ressurge no Brasil
O vírus pegou carona com os imigrantes venezuelanos que se refugiam em Roraima. Para conter o surto o Ministério da Saúde realiza uma campanha de vacinação.
Com uma estratégia de enfrentamento da epidemia, iniciada em dezembro de 2013, que se tornou referência internacional, o Ceará foi declarado livre do sarampo em 2016, após o fim da transmissão do vírus, anunciado em 24 de setembro de 2015. O Ceará continua livre do sarampo, mas a ameaça a essa condição se aproxima com o recrudescimento da doença no mundo e o seu avanço no estado de Roraima, com 40 casos confirmados, e no Amazonas, quatro casos em Manaus.
As vacinas de rotina estão disponíveis em todos os municípios e permitem a prevenção, o controle, a eliminação e a erradicação das doenças imunopreveníveis. A população deve permanecer alerta para a atualização do cartão de vacinação. A vacina Tríplice Viral protege contra o sarampo, caxumba e rubéola e é indicada para vacinação da população a partir dos 12 meses até 49 anos de idade. A Tetra Viral, que protege contra o sarampo, caxumba, rubéola e varicela, é indicada para a vacinação de crianças com 15 meses de idade que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral.
Sarampo no mundo
Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os países do continente europeu e africano registram o maior número de casos da doença. Em um ano, o número de casos da doença no continente europeu aumentou 300%, saindo de 5.273 em 2016 para 21.315 em 2017. Romênia, Itália, Ucrânia, Grécia e Alemanha são os países mais atingidos. Na região das Américas, em 2017 foram notificados 272 casos na Argentina (3 casos), Canadá (45 casos), Estados Unidos de América (120 casos) e Venezuela (104). Países da África e da Ásia também relataram surtos de sarampo entre 2016 e 2017.
A circulação do vírus no Brasil deve ser interrompida o mais rapidamente possível, a fim de manter eliminada essa enfermidade do país. Para tanto, as ações de vigilância epidemiológica, laboratorial e de imunizações são imprescindíveis para interromper a circulação do vírus. Os municípios devem informar semanalmente ao Estado se houve ou não casos suspeitos em suas unidades, realizar busca ativa mensal e acompanhar as coberturas vacinais da tríplice viral. O objetivo é desencadear as medidas de prevenção e controle de novos casos e a identificação desses casos de maneira imediata.
Saiba mais sobre a doença
O Sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A presença do vírus no sangue provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, inclusive pelas perdas consideráveis de eletrólitos e proteínas. Isso resulta no quadro espoliante característico da infecção. Além disso, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade do Sarampo, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.
A doença é de distribuição universal e apresenta variação sazonal. Nos climas temperados, observa-se o aumento da incidência no período compreendido entre o final do inverno e o início da primavera. Nos climas tropicais, a transmissão parece aumentar depois da estação chuvosa. O comportamento endêmico do Sarampo varia, de um local para outro, e depende basicamente da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população, além da circulação do vírus na área.
Sintomas
Os sintomas do Sarampo são febre alta, acima de 38,5°C; exantema maculopapular generalizado; tosse; coriza; conjuntivite e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal, antecedendo ao exantema (erupção cutânea na pele).
Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial é realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue na fase aguda da doença, desde os primeiros dias até quatro semanas após o aparecimento do exantema (erupção cutânea na pele).
No Brasil, a rede laboratorial de saúde pública de referência para o Sarampo utiliza a técnica de ELISA para detecção de IgM e IgG.
Transmissão
A transmissão ocorre de quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento do exantema. O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e dois dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível.
O Sarampo afeta, igualmente, ambos os sexos. A incidência, a evolução clínica e a letalidade são influenciadas pelas condições socioeconômicas, nutricionais, imunitárias e àquelas que favorecem a aglomeração em lugares públicos e em pequenas residências.
Prevenção
A vacinação contra o Sarampo é a única maneira de prevenir a doença. O esquema vacinal vigente é de uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses de idade e a segunda dose aos quatro anos de idade.
Tratamento
Não existe tratamento específico para o Sarampo. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado.
Para os casos sem complicação, manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. Muitas crianças necessitam de quatro a oito semanas para recuperar o estado nutricional que apresentavam antes do Sarampo. Complicações como diarréia, pneumonia e otite média devem ser tratadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Fonte: SESA e Ministério da Saúde