Intolerância à lactose ou APLV?

3 de Abril de 2018

 

Saiba o que fazer com a dieta da família e quando desconfiar de intolerância à lactose ou de alergia ao leite de vaca

 

O que é intolerância à lactose?
Trata-se de uma doença que afeta a mucosa do intestino delgado, tornando-o inapto à digestão e a absorção da lactose, devido a baixa atividade ou produção da lactase. Essa enzima quebra a lactose, que é o açúcar do leite, em partes menores para que sejam absorvidas pelas células do intestino.
A lactose não absorvida fica presa no intestino, o que provoca o acúmulo de água e outros sais que causam a diarreia. No intestino grosso, o açúcar ainda será fermentado pela ação de bactérias, produzindo substâncias irritativas e gases que provocam inchaço e flatulência.
Além desses sintomas, os pequenos também podem apresentar vômito, dor abdominal próxima à região umbilical, fezes volumosas e espumosas. É importante observar que, apesar do quadro de diarreia recorrente, essa criança geralmente não perde peso. Em alguns poucos casos, a criança poderá apresentar intestino preso.

Qual é a diferença entre intolerância à lactose e alergia ao leite de vaca (APLV)?
Talvez você já tenha ouvido por aí algo sobre “alergia à lactose”. O termo é utilizado equivocadamente, já que a alergia, ao contrário do que explicamos no item anterior, diz respeito à proteína do leite e não ao açúcar (lactose). Quando o assunto é alergia, devemos pensar sempre em uma resposta imunológica exagerada. Por exemplo: proteínas do leite, como a caseína, são reconhecidas pelo organismo como um corpo estranho e, por isso, são “atacadas” por células de defesa.
Em geral, comprova-se que está havendo uma resposta imunológica por meio da dosagem de um anticorpo chamado IgE após o contato da criança com a proteína do leite com a pele, por ingestão ou inalação. Em alguns indivíduos, no entanto, a alergia não é mediada por esse anticorpo e acredita-se que os sintomas se manifestem mais tardiamente, com alterações principalmente gastrointestinais.
Quanto aos sintomas, destacam-se as urticárias — lesões avermelhadas e inchadas na pele — e o angioedema, que é similar à urticária, porém é mais comum nos lábios, em volta dos olhos, mãos, pés e genitália. Por outro lado, os achados do sistema digestório podem ser confundidos com o da intolerância à lactose, já que ocorre dor abdominal, vômito e diarreia.
São muito relevantes, também, as complicações do trato respiratório — obstrução, coriza, prurido e espirros —, que geralmente estão associadas à irritação dos olhos. Em quadros muito agudos, podem acontecer manifestações cardiovasculares.
Cada indivíduo, no entanto, apresenta um tempo de permanência da alergia. A boa notícia é que alguns estudos vêm demonstrando que em 50% dos casos ela desaparece no primeiro ano de vida; em 70% por volta dos dois anos e em 85% até o terceiro ano.

Como posso ajudar meu filho?
Leve o período de aleitamento materno exclusivo a sério. O melhor alimento do mundo é o leite materno: não só todos os macro e micronutrientes necessários para o bom desenvolvimento do bebê estão presentes no leite da mãe, como também estão em sua forma ideal para absorção pelo recém-nascido. Isso é importante porque, durante o primeiro ano de vida, o trato gastrointestinal da criança ainda não está totalmente formado e alguns nutrientes não são bem absorvidos quando obtidos a partir do leite de vaca, por exemplo.
Para além da questão nutricional, é por meio do leite materno que a criança adquire uma série de células de defesa importantes para a proteção do organismo. Quando ingeridas, elas ajudam a prevenir a entrada e a sobrevivência de microrganismos patogênicos na luz do intestino.
Como já explicamos, a APLV é uma resposta imunológica mediada por anticorpos e, portanto, a exposição precoce do lactente a essa substância aumenta consideravelmente sua chance de desenvolver alergia não só ao leite, mas também a outros alimentos. Tanto é verdade que 2,5% dos recém-nascidos apresentam reação de hipersensibilidade ao leite de vaca no primeiro ano de vida. Amamentar, portanto, é um ato de amor e prevenção.

Escolha a fórmula infantil certa
Se você, por algum motivo, não pode ou escolheu não amamentar, é importante optar junto ao pediatra por uma fórmula infantil adequada e, claro, que seja hidrolisada. Isso porque já foi demonstrado que a exposição a pequenas quantidades de fórmulas contendo leite de vaca nos primeiros dias de vida também aumenta a probabilidade de que a criança venha desenvolver a alergia. A hidrólise evita esse processo, tornando as proteínas da fórmula mais digeríveis.
No primeiro ano de idade, sobretudo se houver diagnóstico positivo de alergia ao leite de vaca, não é recomendado o uso do leite de outros mamíferos, como cabra, ovelha ou burra, já que não são considerados nutricionalmente adequados. Quanto à alimentação da mãe, vale a pena consultar o seu médico para saber se será necessário fazer restrição de lácteos durante a fase de amamentação, combinado?

Suspenda o leite e seus derivados
O diagnóstico de APLV é dado pela história clínica e pelo exame físico, associados a uma dieta de eliminação de lácteos ou pelo teste de prova de provocação oral (PPO), se o médico julgar necessário. Caso o resultado seja positivo, é necessário eliminar o leite e seus derivados da dieta da criança.
Por isso, fique atenta à contaminação cruzada: confira sempre no rótulo de alimentos industrializados se não há a possibilidade de haver traços de proteína do leite, e utilize utensílios de cozinha diferentes para preparar a comida da criança em casa.

Aposte em uma alimentação variada
No caso das crianças que não estão mais em aleitamento exclusivo, é seu papel introduzir uma dieta variada e bem colorida. Sabemos que o leite é um alimento de alto valor biológico, proteico, rico em magnésio e cálcio, o que é importante na manutenção da densidade óssea.
Por isso, será necessário buscar esses nutrientes em outros alimentos: as proteínas, por exemplo, podem ser adquiridas pela ingestão de carnes ou pela combinação de leguminosas, feijão, grão-de-bico e lentilha, por exemplo, com grãos integrais. O magnésio, assim como outros minerais, está presente em folhas verde-escuras, como couve, brócolis, mostarda e espinafre.
Se seu filho é daqueles que não fica sem um leite com achocolatado, aposte em leites vegetais, como o leite de coco, de amêndoas ou de aveia, seja industrializado ou feito em casa. Mas fique de olho: os leites sem lactose presentes atualmente no mercado só são indicados para quem é intolerante à lactose e não para quem tem alergia ao leite de vaca. 

 

Fonte: Blog Bem Saudável – Unimed Belém

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