Infarto e AVC são as principais causas de óbito no Ceará
19 de setembro de 2012
Segundo especialistas, os chamados males do coração são preventivos e dependem do estilo de vida das pessoas
Doenças do aparelho circulatório, sobretudo Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto, são as principais causas de óbito entre os cearenses. Em 2011, morreram 13.596 pessoas no Estado, sendo 4.559 vítimas dos males cerebrovasculares, 3.734 de doenças isquêmicas do coração, 2.517 das hipertensivas e 2.786 das demais causas do aparelho circulatório.
Os dados são do levantamento de 2011 realizado pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), baseado em números do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/Datasus).
O AVC mata mais que o câncer de mama nas mulheres e mais que o câncer de próstata nos homens. Mais de 20 mil pessoas se encontravam com sequelas devido à doença somente no Ceará, no ano passado.
De acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonsêca, quando existe um aumento na expectativa de vida da população, que hoje é de 75 anos, é inevitável que as pessoas morram mais por motivo de doenças crônicas. É o que está acontecendo com o Estado do Ceará e com o País. Isso porque o número de idosos é maior.
Os chamados males do coração são preventivos e dependem do comportamento das pessoas, como explica Fonsêca. Ou seja, é possível evitar combatendo os fatores de risco, como o sedentarismo, a obesidade, a hipertensão e a diabetes. As principais medidas de prevenção, então, são manter a pressão arterial sob controle, evitar o consumo excessivo de sal, bebidas alcoólicas e praticar exercícios físicos.
Perfil
E a tendência é que o perfil de óbitos do Ceará continue a ser predominantemente de doenças do aparelho circulatório porque os habitantes estão envelhecendo, e a idade é um fator que contribui para a ocorrência dos infartos e AVC´s, por exemplo.
Para a atenção aos pacientes com males do coração, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), hoje, conta com o Centro de Referência Cardio Circulatório, que tem a função de estabilizar a vítima e evitar sequelas. Depois é que eles são transferidos para uma unidade de retaguarda, como o Hospital Geral Waldemar de Alcântara (HGWA). O coordenador revela que a tendência é transferir esse tipo de atendimento para mais duas unidades, uma no Hospital do Cariri e outra no Hospital de Sobral.
Além disso, ações de saúde são realizadas nos municípios para redução do consumo de álcool e cigarro. “Temos a proposta de criar seis academias de saúde em Fortaleza (equipamentos de ginástica em lugares públicos), em parceria com o Corpo de Bombeiros”, informa o coordenador da Secretaria de Saúde do Estado, Manoel Fonsêca.
Fora isso, a cobertura do Programa Saúde da Família (PSF) é fundamental para que haja o efetivo acompanhamento dos pacientes diabéticos e hipertensos por profissionais, a fim de evitar que os descuidos resultem em um AVC ou infarto, como lembra o coordenador da Sesa.
O atendimento pré-hospitalar é imprescindível nesses casos. O problema é que, muitas vezes, a atenção de emergência não é adequada. Existe a demora no atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o que interfere na quantidade de óbitos.
No entanto, o médico intensivista e diretor clínico do Samu de Fortaleza, Mozart Rolim, argumenta que o atendimento é prioritário para pacientes com AVC e infarto. O procedimento que deve ser seguido é ligar o mais rápido possível para o Samu e passar todas as informações sobre o paciente.
O médico diz que o atendimento precisa ser de até quatro horas e meia. O serviço, então, encaminha a vítima para o HGF, onde é feita a estabilização (trombólise ou neurocirurgia). Depois, é levado a outra unidade. O diretor clínico do Samu informa que o serviço de Fortaleza vai receber mais cinco ambulâncias para melhorar a rapidez no atendimento às vítimas.
Doença
Os sintomas do AVC são fraqueza ou dormência em um dos lados dos corpo, tontura, perda repentina da visão ou forte dor de cabeça. Mozart Rolim lembra que a vítima pode ter desvio de rima labial (da boca para o lado), déficits motores e diminuição da força muscular. Uma medida usada para detectar se uma pessoa está sofrendo um AVC, é pedir a ela para sorrir, levantar os braços e falar uma frase.
O infarto agudo do miocárdio é uma doença grave e fatal. Mais de 50% dos pacientes morrem antes de chegar ao hospital. O atendimento tem de ser quase imediato. O AVC tipo isquêmico precisa de três a quatro horas para que se estabeleça um tratamento adequado com o intuito de abrir o vaso que está fechado.
FIQUE POR DENTRO
Enfermidades no aparelho circulatório
Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto são as principais doenças do aparelho circulatório. O AVC, ou Acidente Vascular Encefálico ( AVE), vulgarmente chamado de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais. É uma doença de início súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit súbito de uma parte do campo visual. Pode ainda evoluir com coma e outros sinais.
Já o infarto agudo do miocárdio (IAM) ou enfarte agudo do miocárdio (EAM), popularmente e erroneamente conhecido como ataque cardíaco, é um processo de necrose (morte do tecido) de parte do músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigênio. É causado pela redução do fluxo sanguíneo coronariano de magnitude e duração suficiente para não ser compensado pelas reservas orgânicas.
Fonte: Diário do Nordeste