Governo autoriza reajuste de até 6,31% para medicamentos

5 de Abril de 2013

medicamentosO governo autorizou ontem o reajuste de até 6,31% no preço dos medicamentos, dependendo da categoria. Para os de nível 1, por exemplo, (medicamentos em que a participação de genéricos no mercado é igual ou superior a 20%), o reajuste máximo será de 6,31%.

Nos remédios de nível 2 (medicamentos com participação de genéricos entre 15% e 20%), o reajuste máximo será de 4,51%. Já os de nível 3 (medicamentos com participação de genéricos abaixo de 15% do mercado), o reajuste máximo será de 2,70%.

O reajuste foi autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e publicado no “Diário Oficial da União” de ontem. Conforme o presidente do Sincofarma-CE (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Ceará), Antônio Felix, o reajuste deve levar em torno de 15 dias para chegar ao Estado.

Para o Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), se todos os medicamentos forem reajustados pelos índices máximos, o aumento médio ponderado será de 4,59%.

Inflação

O Sindusfarma, aliás, criticou o reajuste, dizendo que o percentual é baixo e não repõe as perdas para a inflação. “Mais uma vez, o governo aplicou um discutível cálculo de produtividade que reduz o índice de reajuste e prejudica muitas empresas, ao impedi-las de repor o aumento de custos de produção do período”, informa, em nota.

As indústrias de produtos farmacêuticos em São Paulo dizem ainda que, no ano passado, os medicamentos subiram em média 4,11% e a inflação, 5,84% segundo o IPCA (índice de inflação oficial do governo, medido pelo IBGE).

O sindicato esclareceu, na nota, que o reajuste não gera aumentos automáticos nem imediatos nas farmácias. O período de ajuste nos preços dura de dois a três meses.

Situação do setor

Sobre a situação do setor nos últimos anos, o Sindusfarma diz que problemas ligados às despesas vêm acontecendo, deixando os profissionais apreensivos com eventuais perdas nos rendimentos. A entidade avisou que a queda da moeda brasileira no mercado internacional acabou agravando a tensão.

“Desde 2011, a indústria farmacêutica enfrenta fortes pressões de custo, principalmente com pessoal, insumos e matérias-primas, majoritariamente importadas, cujas cotações internacionais subiram no ano passado e ficaram ainda mais elevadas por causa da desvalorização do real”, diz o Sindusfarma. “Até agora, o setor absorveu esse impacto, mas em contrapartida teve queda de rentabilidade”.

O setor diz ainda que “a continuidade dessa situação vai afetar a saúde financeira das empresas, podendo comprometer o lançamento de produtos e os investimentos necessários ao desenvolvimento de medicamentos inovadores”.

PROTAGONISTA

Economizar em outras áreas para comprar

Encarregada de comprar medicamentos para a mãe, o irmão e ainda para si, a pensionista Ezilene Lima Verde diz que já não sabe o que fazer para seguir adquirindo os remédios necessários para a manutenção da saúde de sua família. “Gasto em média mil reais por mês com medicamentos e a notícia de mais um aumento me deixa apreensiva, pois já estou precisando economizar em outros setores para continuar comprando”, afirma. Segundo ela, em alguns meses o gasto pode ser até maior. “Às vezes o clínico suspende um e receita outro mais caro. É complicado porque tudo aumenta, menos os nosso rendimentos”, lamenta.

Venda de remédios deve crescer 12% em 2013

Impulsionado pelas classes B e C, o comércio de medicamentos deve crescer 12% e movimentar R$ 70 bilhões em 2013, de acordo com levantamento do Ibope Inteligência. A classe C é responsável por quase metade do consumo de remédios no País, com um potencial de consumo de R$ 32 bilhões (45% do total).

A classe B, por sua vez, deverá gastar neste ano R$ 24 bilhões (34%), as classes D/E, R$ 8,6 bilhões (12%) e a A, R$ 6,6 bilhões (9%).

Apesar da última colocação no gasto total com medicamentos, a classe A representa apenas 3% dos lares brasileiros. A classe C, porém, corresponde a mais da metade dos domicílios do país (53%). Segundo o levantamento, o gasto anual dos brasileiros com remédios é de R$ 430,92.

Nas regiões

Ao analisar o consumo anual de medicamentos por região, o Sudeste tem o maior potencial de consumo, com R$ 37 bilhões (52% do total), seguido pelas regiões Sul (R$ 12 bilhões), Nordeste (R$ 13 bilhões), Centro-Oeste (R$ 5,7 bilhões) e Norte (3,9 bilhões).

Maior consumo no Sudeste

Apesar do maior consumo no Sudeste, a região Sul é a que apresenta o maior consumo por habitante: R$ 494,71 por ano. O Sudeste vem em segundo lugar (R$ 483,09 por habitante), seguido de Centro-Oeste (R$ 441,89), Nordeste (R$ 323,92) e Norte (R$ 318,03).

Descontos aliviam aumento de preço

Para a maioria das pessoas, tratar de doenças diversas ou crônicas significa preocupação não só com a saúde do corpo, mas também com a saúde das finanças. Isso porque medicamentos costumam ser itens caros, e, com o reajuste de até 6,31% autorizado pelo governo, os preços devem ficar ainda mais salgados.

Para amenizar impacto do reajuste no orçamento mensal, os consumidores podem buscar informações e aproveitar as possibilidades de obtenção dos remédios de forma gratuita ou com descontos especiais, o que pode ser feito por meio de programas do governo federal e de alguns laboratórios farmacêuticos.

Farmácia Popular

No caso do governo federal, o Programa Farmácia Popular do Brasil disponibiliza mais de cem tipos de medicamentos com descontos de até 90%. Os remédios podem ser comprados na rede própria de Farmácias Populares ou nas farmácias privadas cadastradas no Programa: a rede “Aqui tem Farmácia Popular”. Conforme o Ministério da Saúde, atualmente, existem no Ceará 29 unidades da rede própria e cerca de 400 na rede “Aqui tem Farmácia Popular”. Para comprar com desconto, é preciso apenas apresentar a receita médica, prescrita de acordo com a legislação vigente, e contendo os medicamentos disponíveis.

Outra iniciativa do governo é o Saúde Não Tem Preço, que oferta gratuitamente remédios para o tratamento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e asma. Os pacientes podem retirar a medicação na rede “Aqui Tem Farmácia Popular”, apresentando CPF, documento com foto e a receita médica.

Laboratórios

Outra opção para que os pacientes deem continuidade ao tratamento de doenças, sobretudo as crônicas, é a adesão aos programas de fidelidade ofertados por alguns laboratórios, que dão descontos de até 70% em determinados medicamentos. Como os laboratórios não podem fazer propaganda ostensiva dos descontos, cabe ao consumidor pesquisar e verificar se o fabricante possui esse tipo de programa.

Para se cadastrar nos programas dos laboratórios, o único requisito é possuir uma receita médica. Para usufruir dos benefícios, o consumidor deve entrar em contato com o fabricante do remédio receitado, pela internet ou telefone, informar o CRM do médico que prescreveu o medicamento e verificar se o produto está na lista dos que possuem desconto. Caso esteja, o paciente deve verificar as farmácias credenciadas, onde poderá comprar o remédio apresentando a receita médica, RG e o número de inscrição no programa.

Entre os laboratórios que possuem programas de desconto, estão: o Bayer, com o Bayer Pra Você (http://www.bayerparavoce.com.br/); o Mantecorp, que tem o programa Vida Mais Mantecorp (http://www.vidamaismantecorp.com.br/); o Novartis, com o Vale Mais Saúde (http://www.portal.novartis.com.br/); e o Aché, com o Cuidados Pela Vida (http://www.cuidadospelavida.com.br/).

Fonte: Diário do Nordeste


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