Ceará tem o segundo pior desempenho do SUS no Nordeste
27 de Março de 2012
O Ceará recebeu nota de 5,14 no Índice de Desempenho do SUS 2012, ficando à frente somente da Paraíba
São várias as portas de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) e, em quase todas, a população encontra dificuldades para conseguir atendimento. Isso se reflete no Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS) 2012, divulgado no início deste mês. O Ceará aparece com uma nota de 5,14 – os índices variam de 0 a 10. O Estado ficou em 20º lugar no ranking brasileiro, sendo o segundo pior sistema de saúde do Nordeste, ficando à frente somente da Paraíba. A média do Brasil é de 5,47.
Já Fortaleza recebeu uma nota de 5,18, o que deixa a Capital na 25º colocação entre as cidades do grupo 1, que reúne os municípios com melhor infraestrutura e atendimento à população na saúde. O IDSUS é usado para medir o acesso do usuário e a qualidade dos serviços da rede pública.
A superlotação das urgências e emergências foi um dos gargalos da saúde pública mais citados por especialistas e gestores da área de saúde ouvidos pelo O POVO. O atendimento prestado pela saúde pública fez, inclusive, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elegê-la como tema da Campanha da Fraternidade deste ano. “Infelizmente, a situação da saúde (pública) é crítica”, comenta José Maria Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec).
Demora
Já estava no fim da manhã e a dona de casa Maria Irisnalda, 33, ainda aguardava pelo resultado dos exames da filha – com suspeita de dengue – na emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Ainda não havia previsão de quando o resultado iria sair nem o horário que seria atendida. Três dias antes, no mesmo hospital, ela chegou às 8 horas e só saiu às 17 horas. “Dou nota zero ao atendimento. Lá dentro está lotado, tem gente em maca nos corredores, cadeiras de rodas ou em pé”.
“Visitamos a emergência do HGF e lá você tem um salão enorme com 79 pacientes aguardando leito”, relata José Maria. O diretor-geral do HGF, Zózimo Medeiros, informa que a emergência da unidade de saúde tem 96 leitos, mas há uma média de 70 pacientes extras nos corredores.
A estimativa é de que seria preciso implantar cerca de 2.400 leitos de internação clínica e de UTI no Ceará para atender a demanda. A informação é do diretor-geral do HGF, Zózimo Medeiros. O presidente do Simec, José Maria Pontes, também avalia que o déficit passa de 2 mil leitos. “Pode ter tido aumento no número de leitos, em termos absolutos, mas não foi suficiente para acompanhar o aumento da demanda”, diz.
O secretário estadual da Saúde, Arruda Bastos, e o coordenador de Gestão Hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Helly Ellery, consideram que o índice do IDSUS está defasado, pois os dados foram coletados entre 2008 e 2010. Segundo eles, a qualidade do atendimento do SUS no Ceará melhorou nos últimos anos por conta de investimentos que serão abordados durante a série de matérias.
Fonte: Jornal O Povo