Câncer é a doença mais temida por cearenses

31 de outubro de 2013

CâncerSeja pela tristeza de receber o diagnóstico, o drama do doloroso tratamento ou a incerteza dos resultados, o câncer se tornou a doença que mais preocupa brasileiros e, especificamente, cearenses. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, em parceria com o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), concluída no último mês de junho, revelou que, no Ceará, a enfermidade é mais temida que doenças ainda incuráveis, como Aids e diabetes. Cerca de 75% dos cearenses declararam se assustar com a possibilidade de adquirir algum tipo de câncer.

A Aids fica em segundo lugar no ranking, causando receio em 51% da população no Estado, enquanto a diabetes preocupa 24%. Embora, em muitos casos, sejam reversíveis por meio de terapias, os cânceres são mais temidos que doenças contagiosas e adquiridas pois fogem do controle de prevenção, explica Marcus Vinicius Andrade, diretor executivo do ICTQ.

Segundo ele, apesar de poder estar relacionada a aspectos como alimentação e estilo de vida, é difícil evitar a doença com métodos de precaução, o que acarreta maior apreensão.

Além disso, Andrade aponta que o tratamento sofrido e a forma como a enfermidade é esteticamente mais visível também são fatores que deixam as pessoas aflitas. “Quando alguém está fazendo quimioterapia, isso fica evidente, porque a aparência se altera com a queda de cabelo e outras mudanças”, afirma o diretor executivo.

Para Reginaldo Costa, superintendente clínico do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), o estigma que a doença ainda possui também pode ter influência sobre o receio da população. Segundo ele, a falta de informação e o acesso a conteúdos distorcidos ajudaram a formar um preconceito em torno da enfermidade, que não condiz com os avanços obtidos em termos de diagnóstico e tratamentos.

“Se nós fizermos uma comparação, o câncer está, hoje, no inconsciente da população, como esteve a lepra e a tuberculose em outros momentos históricos. Nos últimos tempos, esse tabu foi diminuindo, mas ainda existe temor porque continua se falando muito sobre isso e a doença ficou mais próxima de todas famílias”, afirma Costa.

Conforme a pesquisa, o grau de preocupação muda conforme gênero, faixa etária e classe social. Nos Estados em geral, as mulheres a partir de 35 anos são as mais receosas. Isso porque, de acordo com Marcus Vinicius Andrade, é nesse período que começam a crescer as chances de desenvolver cânceres de mama, ovário e outros tipos. Aproximadamente 79% do grupo feminino no País afirma temer a doença, e, na faixa etária entre 35 e 44 anos, o medo chega a atingir 82% dos brasileiros.

Campanhas

Ele explica, ainda, que as campanhas de prevenção contra câncer geralmente são destinadas a mulheres de meia-idade, o que pode afetar a percepção que elas têm sobre a enfermidade. “Os homens se preocupam menos do que as mulheres porque não existem tantas campanhas de alarde”, destaca o diretor executivo do ICTQ.

Reginaldo Costa também ressalta que o grande acesso à informação pode ter aspectos negativos. “Por um lado, é benéfico porque as pessoas ficam mais conscientes, mas se essas informações forem divulgadas de maneira distorcida, isso causará mais preocupação”, aponta.

No que diz respeito à classe social, ao contrário do que se pensa, as pessoas que possuem maior poder aquisitivo são as que mais temem o câncer. De acordo com os dados, 83% da classe A se preocupa com a doença, enquanto nas classes B e C, o número cai para 77%.

“Aqueles com renda menor tendem a se preocupar com outros tipos de doença mais fáceis de contrair, como a dengue, por exemplo. Quem tem melhor situação financeira sabe que pode controlar essas enfermidades, mas teme o câncer porque ele foge do controle”, destaca Marcus Vinicius Andrade.

Casos

Neste ano, são esperados 30 mil novos casos de câncer no Estado – 1.800 da mama, 850 de colo de útero, 410 da tireoide, 400 do estômago, 370 do aparelho respiratório e 310 do intestino.

O diretor do ICC destaca a necessidade de transformar o receio em incentivo para buscar assistência médica. “Se esse temor se refletir em uma procura mais precoce por atendimento e prevenção, poderemos ver a redução de casos no futuro”, diz.

Fonte: Diário do Nordeste.


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