Aumentam diagnósticos de leucemia em crianças no Ceará
11 de junho de 2012
Anemia, febre constante, manchas rochas pelo corpo, apatia e falta de apetite. Esses são alguns dos sintomas da leucemia, o câncer mais comum entre crianças. Em Fortaleza, no Centro Pediátrico do Câncer (CPC), são atendidas, diariamente, no ambulatório, cerca de 70 meninos e meninas. Destes, segundo a coordenadora da unidade, a oncologista Selma Lessa, quase 30% são portadores de leucemia. Conforme ela, apesar da impressão de que o número de casos aumentou, devido à grande quantidade de crianças doentes, no Ceará, não há uma estatística que comprove esse crescimento. De acordo com a oncologista pediátrica, o que está acontecendo é um diagnóstico precoce mais efetivo e rápido. “Depois da inauguração da unidade, em outubro de 2010, e da campanha feita entre profissionais de saúde nos postos e hospitais, a leucemia está sendo diagnosticada com maior rapidez”, diz. E, segundo Selma Lessa, a consequência benéfica dessa realidade é que pelo menos 70% das crianças que desenvolvem a doença conseguem a cura. “A qualquer sintoma de febre dores nas pernas, nos braços e manchas rochas, o indicado é realizar um hemograma com urgência. É esse exame que pode tirar a dúvida dos pais”, ressalta. Ela explica, ainda, que o primeiro sinal de diagnóstico positivo é a existência de células malignas chamadas blastos. O próximo passo, é realização do mielograma, exame para avaliação da medula óssea, que comprova se a criança tem de fato leucemia. A oncologista pediátrica e coordenadora do laboratório de diagnóstico precoce do CPC, Nádia Trompieri, partilha da mesma opinião da médica Selma Lessa e afirma que, nos dois últimos anos depois da criação da unidade, na Capital, houve um significativo aumento no número de diagnósticos. Segundo ela, o laboratório atende cerca de dez crianças por dia, com suspeita de câncer. “Antes, muitas crianças portavam a doença e não sabiam. Agora, com o atendimento do laboratório de diagnóstico precoce, as campanhas e as capacitações dos profissionais de saúde no Estado é mais fácil identificar”, ressalta a médica. Nádia destaca ainda que são realizados pelo menos dez cursos por ano, em Fortaleza, com profissionais que atuam em postos de saúde e hospitais para alertar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer. Essa realidade, segundo ela, também tem colaborado para o acréscimo da demanda. “Mães e pais estão procurando cada vez mais as emergências hospitalares em busca de respostas”, diz. Peter Pan A Associação Peter Pan (APP) em Fortaleza, é também uma das principais facilitadoras para o tratamento de sucesso entre as crianças com todos os tipos de câncer, principalmente Leucemia, que segundo Olga Maia, presidente da entidade, é o câncer mais frequente nas crianças atendidas. Conforme ela, atualmente, 2.019 crianças são acompanhadas na Associação. Olga afirma que apesar do crescente número de crianças diagnosticadas com câncer, não há filas de espera para o tratamento, pois tanto a Associação quanto o Centro Pediátrico do Câncer atendem toda a demanda. “Prezamos pelo atendimento humanizado, para isso contamos coma a colaboração de 22 instituições que fornecem alimentos, medicamentos amor, além de médicos e pais voluntários”, ressalta Olga. Mães realizam ato em prol da doação O pequeno Abner faleceu em agosto do ano passado, aos cinco anos de idade, em decorrência da leucemia. A mãe dele, a dona de casa Ana Cristina Almeida, explica que o diagnóstico da doença foi feito quando o filho ainda tinha dois anos, mas, após três anos de tratamento, ele precisou de um transplante de medula óssea. Infelizmente, depois de muitas campanhas e tentativas de medulas compatíveis à de Abner, o menino não suportou mais a espera e faleceu. Isso acontece porque segundo a assistente social do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Alexandra Morais, as chances de encontrar um doador compatível é uma para 100 mil. Portanto, conforme ela, há necessidade de um grande número de voluntários cadastrados. No Ceará, segundo o Hemoce, até o momento, existem cerca de 107 mil cadastros. O que, conforme Alexandra, ainda não é suficiente. Diante de toda essa dificuldade e em homenagem às crianças que como Abner e Luiza Ramos, falecida no último mês de maio, ambos portadores de leucemia, dezenas de mães se reuniram na tarde de ontem, na Praça 13 de maio, em prol da doação. Na ocasião, funcionários do Hemoce cadastraram voluntários para doação de medula óssea, panfletos foram distribuídos e a tarde terminou com uma linda e emocionante chuva de pétalas jogadas de um helicóptero em cima da praça. De acordo com Manuela Ramos, mãe da pequena Luiza, o objetivo do movimento é atrair a atenção da sociedade para a doação de medula óssea. Fonte: Diário do Nordeste