Brasil testa polipílula que poderá prevenir doenças cardiovasculares

30 de setembro de 2011

Uma pílula que reúne quatro remédios para controlar a pressão arterial e o
colesterol e prevenir o entupimento de vasos sanguíneos está sendo testada
em diferentes países, incluindo o Brasil, para reduzir a incidência de doenças
cardiovasculares.

São dois os alvos: pacientes com risco moderado que não têm bons resultados
com dieta e exercícios e pessoas com risco elevado, que já tiveram infarto ou
derrame.

O país já participou da primeira fase do primeiro estudo internacional com a
chamada polipílula.

Os resultados, publicados em maio na revista “PLoS One”, mostraram que a
pílula pode diminuir em 60% o risco de infarto e derrame em pessoas com risco
moderado.

Na pesquisa, esses pacientes tinham idade média de 60 anos, eram obesos e
tinham pressão arterial e colesterol pouco elevados, além de outros fatores de
risco.

“São pessoas que não necessitariam de medicação, mas, infelizmente, boa
parte delas não consegue reduzir o risco com outras medidas”, diz Otávio
Berwanger, cardiologista do HCor (Hospital do Coração) e coordenador da
pesquisa no Brasil.

Ao todo, 378 voluntários participaram do trabalho, que também foi feito na
Índia, na Austrália, na Holanda, na Nova Zelândia e nos Estados Unidos.

A NOVA PESQUISA

A segunda fase do estudo começa em novembro, com pacientes que já tiveram
infarto ou AVC e tomam os remédios separadamente.

No Brasil, a pesquisa envolverá 22 hospitais e 2.000 pessoas em todas as
regiões do país. Além disso, em 2012, o país deve participar da terceira fase
de uma pesquisa já iniciada na Índia, na China e no Canadá. Dessa vez, o
responsável pela pesquisa brasileira será o Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia.

MEDICALIZAÇÃO

De acordo com Luiz Antonio Machado César, presidente da Socesp (Sociedade
de Cardiologia do Estado de São Paulo) e cardiologista do InCor (Instituto do
Coração da USP), a ideia é simplificar e baratear o tratamento.

Berwanger lembra que, hoje, no máximo metade dos pacientes de alto risco
segue o tratamento corretamente. “Se pudermos facilitar a vida do paciente,
mantendo os benefícios dos remédios, com custo menor e maior adesão, será
muito interessante.”

Ele afirma, no entanto, que a ideia não é “medicalizar” a prevenção de quem
tem risco moderado. “A adesão a dieta e exercícios é péssima, apesar de
as mudanças serem fundamentais. Essas pessoas não sentem nada, mas a
tendência é piorar”, afirma.

“Mudar o estilo de vida da população é utopia. Do jeito que a gente montou
nossas cidades e a nossa vida nos grandes centros, essa opção não existe”,
afirma César.

Fonte: Folha.com


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